Antropologia Cultural e História:
Noções Necessárias
A cultura é dinâmica, assim como
o homem! A antropologia como estudo do homem e de sua produção material e
imaterial, visa compreender as relações humanas.
O nosso primeiro tema irá levar
você a uma viagem ao conhecimento acerca da relação da Antropologia Cultural e
a História. Nesta viagem, você perceberá que muitos conceitos, visões e
atitudes interferem em nosso meio cultural. É preciso entendê-los para poder
preservar e garantir o bem maior, que é a produção humana.
Passaremos à discussão sobre
cultura, história, raça, etnia, identidade e educação.
Noção Antropológica de Cultura
Certamente, você já ouviu falar
em cultura. Creio que você já percebeu que esse termo suscita muitas
interpretações, não é mesmo? Se formos buscar um conceito para essa palavra no
velho e conhecido dicionário Aurélio, vemos, entre os citados, como sendo ato,
efeito ou modo de cultivar. Esta idéia originária de fazer brotar, crescer e
desenvolver aparece no final do século XI como sinônimo de agricultura. Podemos
também extrair desse conceito como sendo a ação que conduz à realização de
alguma coisa ou de alguém; e isto não é legal perceber?
Bom, historicamente, a palavra
cultura assumiu outros significados: no século XVIII a palavra cultura
ressurge, mas como sinônimo de um outro conceito; tornando-se sinônimo de
civilização. Ela tornou-se o padrão ou o critério que mede o grau de
civilização de uma sociedade. Assim, a cultura passou a ser encarada como um
conjunto de práticas (artes, ciências, técnicas, filosofia, ofícios) que
permitam avaliar e hierarquizar as sociedades segundo um grau de evolução/
progresso.
No século XIX, quando se
constitui a Antropologia como um ramo das ciências humanas, os antropólogos por
tomarem a noção de progresso vinda do século XVIII, precisaram estabelecer um
padrão para medir a evolução ou o grau de progresso cultural das sociedades.
Sabe qual foi esse padrão? O europeu! Todos os grupos sociais que não
atingissem os critérios europeus de estado, mercado, escrita eram considerados
atrasados, primitivos culturalmente.
A partir da segunda metade do
século XX, o conceito de cultura expande-se. Passa a ser entendida como
produção e criação da linguagem, da religião, dos instrumentos de trabalho, das
formas de lazer, da música, da dança, dos sistemas de relações sociais. A
cultura passa a ser compreendida como o campo no qual a sociedade inteira
participa elaborando seus símbolos e seus signos, suas práticas e seus valores.
Mas você deve estar se
perguntando: O que é a cultura do ponto de vista antropológico?
A primeira definição formulada do
ponto de vista antropológico aparece com Edward Tylor, na sua obra Primitive
Culture (1871). Cultura, para Tylor, é o comportamento aprendido, tudo que
independe de uma transmissão genética. Ele procurou demonstrar que ela pode ser
objeto de estudo sistemático, pois possui causas e regularidades e, assim,
permitindo um estudo objetivo capaz de levar a formulação de leis sobre o
processo cultural.
Bem, após passear por algumas
interpretações acerca da cultura, inclusive na visão antropológica
historicamente construída, podemos entender que ela, hoje, aparece enquanto um
conjunto de normas que permeiam o relacionamento dos indivíduos em um grupo
social e nos diz como ele pode e deve ser classificado. Neste conceito também
se insere as produções originais do homem (artesanais, artísticas e
religiosas...). A cultura, do ponto de vista antropológico, é um instrumento
para compreender as diferenças entre os homens e as sociedades.
ANTROPOLOGIA
A Antropologia é uma ciência que
se preocupa em conhecer o homem em sua completude, ou seja, seus traços
biológicos e socioculturais. Ela é, pois, o estudo do homem com suas culturas e
histórias, suas linguagens, valores, crenças ou hábitos. O termo Antropologia
tem sua origem na palavra que vem do grego anthropos, homem e logos, razão,
pensamento.
São duas as áreas de seu
interesse: a Antropologia Biológica ou Física e a Antropologia Cultural ou
Social. A Antropologia Biológica tem sua essência e dedicação aos aspectos
biológicos do homem, enquanto a Antropologia Cultural cuida de observar e
estudar as condutas dos seres humanos pertencentes a uma mesma cultura, ou
seja, a produção humana ao longo do tempo.
PRINCIPAIS ANTROPÓLOGOS
Lewis H. Morgan (1818-1881);
Edward B. Tylor (1832-1917); Arthur Evans (1851-1941); James Frazer
(1854-1941); Emile Durkheim (1858-1917); Franz Boas (1858-1942); Marcel Mauss
(1872-1950); Bronislaw Malinowski (1884-1942); Radcliffe Brown ( 1881-1955);
Ralph Linton ( 1893-1959); Melville Herkovits ( 1895-1963); Margaret Mead
(1901-1978); Claude Lévi-Strauss (1908..); Darcy Ribeiro (1922-1997).
Cultura e História
Vimos que cultura tem vários
significados. Dentre eles encontramos para definir o que é cultura a idéia
tanto de valores e padrões de comportamento de uma sociedade quanto de
civilização e progresso, lembra?
Pois bem, podemos afirmar que
cada grupo social possui sua história e, conseqüentemente, produz sua própria
cultura. O importante ao estudar o processo histórico dos grupos sociais é
perceber que cada um, enquanto produtor de cultura, tem sua especificidade e
seu valor.
Assim, não podemos usar
"chavões" para entender a cultura do outro. Devemos procurar entender
cada cultura na sua particularidade, evitando comparações como "a minha é
a melhor".
Etnocentrismo e História
Historicamente, é importante
observar a grande diversidade de normas e práticas culturais que os grupos
sociais possuem, não é mesmo? Bem, sabemos que muitas sociedades viviam
fechadas em si mesmas,
desconhecendo-se mutuamente e desenvolvendo crenças erradas acerca das outras,
levando ao desenvolvimento do etnocentrismo.
O que é etnocentrismo?
O etnocentrismo é a atitude
característica de quem só reconhece legitimidade e validade nas normas e
valores vigentes na sua própria cultura ou sociedade.
Tem a sua origem na tendência de
julgarmos as realizações culturais de outros povos a partir dos nossos próprios
padrões culturais, pelo que não é de admirar que consideremos o nosso modo de
vida como preferível e superior a todos os outros. Os valores da sociedade a
que pertencemos são, na atitude etnocêntrica, declarados como valores
universais aplicáveis a todos os homens, ou seja, dada a sua
"superioridade", devem ser seguidos por todas as outras sociedades e
culturas.
Quais os perigos da atitude
etnocêntrica?
Podemos entender que indivíduos
de culturas diferentes percebem o mundo de maneira diferente. O perigo das
atitudes etnocêntricas é o fato de levar o homem a vê o mundo através de sua
própria cultura, levando a considerar seu modo de vida como o padrão, o mais
correto e natural. Esta tendência etnocêntrica tem levado à criação de
numerosos conflitos sociais.
Entretanto, a antropologia cultural
vem promovendo a abertura das mentalidades, a compreensão e o respeito pelas
normas e valores das outras culturas, dizendo:
a) Em todas as culturas
encontramos valores positivos e valores negativos.
b) Se certas normas e práticas
nos parecem absurdas, devemos procurar o seu sentido integrando-as na
totalidade cultural sem a qual são incompreensíveis.
c) O conhecimento de culturas
diferentes nos permite compreender o que há de arbitrário em nossos costumes,
levando-nos a optar, por exemplo, pelas orientações religiosas diferentes
daquelas em que fomos educados, questionar determinados valores vigentes,
propor novos critérios de valoração das relações sociais, com a natureza, etc.
Durante o século XIX, os
missionários cristãos no Brasil forçaram várias tribos nativas a mudar os seus
padrões de comportamento. Chocados com a nudez pública, a poligamia e o
trabalho no dia do Senhor, decidiram reformar o modo de vida dos
"pagãos". Proibiram os homens de ter mais de uma mulher, instituíram
o domingo como dia de descanso e vestiram toda a gente. Estas alterações
culturais, impostas a pessoas que dificilmente compreendiam a nova religião,
mas que tinham de se submeter ao poder do homem branco, revelaram-se, em muitos
casos, nocivas: criaram mal-estar social e desespero entre mulheres e crianças.
Raça, etnia e identidade
A Antropologia Cultural como o
estudo das alteridades, no qual se afirma o reconhecimento de cada cultura, nos
coloca diante da diversidade. Entre os estudos da compreensão das alteridades
destacamos os conceitos de raça, etnia e identidade.
O termo "raça", de uso
corriqueiro e banal, vem sendo evitado cada vez mais pelas ciências sociais
pelos maus usos a que se prestou. Originalmente, a palavra "raça"
estava relacionada ao conjunto dos ascendentes e descendentes de uma família,
de um povo. Porém, a partir do século XVIII, ela foi resignificada, uma vez
que, as ciências biológicas a utilizou para indicar subgrupos de uma espécie.
Nas ciências biológicas, raça é a
subdivisão de uma espécie cujos membros mostram, com freqüência, certo número
de atributos hereditários. Refere-se ao conjunto de indivíduos cujos caracteres
somáticos, tais como a cor da pele, o formato do crânio e do rosto, tipo de,
cabelo etc., são semelhantes e se transmitem por hereditariedade.
A noção de "raça" foi
entendida para grupos humanos (na tentativa de demonstrar uma pretensa relação
de superioridade/ inferioridade), sobretudo, através de Herbert Spencer, com a
publicação de A descendência do Homem, em 1871.
Convém lembrar que o uso do termo
"raça" no senso comum é ainda muito difundido por certos grupos
sociais que alimentam o racismo e a discriminação. Por sua vez, o conceito de
etnia substitui com vantagens o termo "raça", já que tem base social
e cultural. "Etnia" ou "grupo étnico" designa um grupo
social que se diferencia de outros por sua especificidade cultural. Atualmente,
o conceito de etnia estende-se a todas as minorias que mantêm modos de ser
distintos e formações que se distinguem da cultura dominante. Assim, os
pertencentes a uma etnia partilham da mesma visão de mundo, de uma organização
social própria, apresentam manifestações culturais que lhe são características.
Por isso é errado, conceitual e
etnicamente, sustentar argumentos de ordem racial/ étnica para justificar
desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, exploração de certos grupos
humanos. Historicamente, no Brasil, tentou-se justificar, por essa via,
injustiças cometidas contra povos indígenas, contra africanos e seus
descendentes, desde a escravidão a formas contemporâneas de discriminação e
exclusão destes e de outros grupos étnicos e culturais.
É importante perceber que cada
grupo étnico possui sua identidade cultural. É preciso saber respeitar cada uma
delas, suas diferenças e suas contribuições. Procedendo assim estaremos
contribuindo para por fim a muitas injustiças sociais contra as etnias
existentes no Brasil.
Afinal, o que é identidade
cultural?
A identidade cultural é
construída pela visão que temos de nós mesmos (o "eu") e também pela
forma que o outro nos vêem (o "outro"), sendo sempre apreendida por
um processo de interação entre os indivíduos. A identidade não é algo estático,
fruto do isolamento de sociedades ou grupos, mas sim de sua interação e se
fundamenta no momento presente. Ela é um processo incessante de construção e
reconstrução, ganhando, também, sentido e expressão nos momentos de tensão e
conflitos.
Enfim, a identidade cultural se
constitui nas especificidades de cada grupo, podendo ser evidenciado nas formas
de tratamento, história e experiência de cada povo, onde cada um atribui
valores que, necessariamente, não são compatíveis com os outros grupos sociais.
A valorização de práticas, ritos, relações de poder e de trabalho que são
únicas de cada sociedade e que valorizam a visão de mundo de cada um, é a forma
de recuperar o passado a fim de ter um presente mais claro e melhor.
- Antropologia, ciência recente
- Pensando em partir (Everardo P.
Guimarães Rocha)
- Mídia e Racismo – a que é que
se destina?
- Conhecer a História para
entender nosso Tempo
Aprenda mais assistindo
1492 - A Conquista do Paraíso
(1492 - Conquest of Paradise).
– Antropologia Cultural e
Educação
O nosso segundo tema levará você
a estabelecer relações entre a Antropologia Cultural e a Educação. Será que
podemos aplicar os conceitos e métodos da Antropologia Cultural na Educação? É
o que passaremos ver!
Cultura e Educação
A educação é um importante
instrumento de inteirar o homem com o seu meio social, pois possibilita a
compreensão da sua realidade. Nesse processo, a escola desempenha papel
fundamental na transmissão dos valores culturais.
Você sabia que podemos construir
uma visão de mundo melhor baseado-nos no respeito às diferenças é promovendo
uma relação desafiadora entre a Antropologia Cultural e a Educação?
É verdade. Através do diálogo
entre as duas disciplinas podemos articular um projeto de (re)conhecimento e
afirmação das diferenças com outro de intervenção e (re)conhecimento da
realidade.
Podemos perceber que existem
distâncias entre a Antropologia Cultural e a Educação no que se refere ao
método, mas também existem proximidades em relação ao objeto: ambas as
disciplinas trabalham com modos de ser, viver e habitar dos grupos sociais. É
este ponto comum que se torna interessante para trabalhar em sala de aula.
O educador, através dos métodos
antropológicos (pesquisa de campo e da observação participante), pode promover
o dialogo de respeito à diversidade cultural, abordando temáticas que envolvam
as transformações e os conflitos sociais, a moral e ética, questões
relacionadas ao gênero, a etnia e ao trabalho...
A Pluralidade Cultural e sua
Transversalidade Certamente você já percebeu a riqueza cultural que o Brasil
tem. Esse belo país formado por indivíduos provenientes de várias partes do mundo,
e possuidor de uma rica pluralidade cultural. Mas o que é mesmo pluralidade
cultural? Você já parou para pensar neste tema?
Pois bem, quando refletimos sobre
o conhecimento e a valorização da diversidade cultural dos diferentes grupos
sociais que convive no Brasil, nas suas desigualdades socioeconômicas e na
crítica às relações socias excludentes estamos falando de pluralidade cultural.
Trabalhar com este tema é tentar
compreender as relações que permeia os diferentes grupos sociais, suas
diferenças, transformações e continuidades visando à construção de idéias
valorativas em relação ao outro.
Nesse processo, o educador e a
escola têm papel fundamental a desempenhar. A escola é um espaço de convivência
entre estudantes de diferentes origens, com diferentes costumes e o educador
pode ser um importante mediador no diálogo do respeito ao diferente. Ele pode
trabalhar a pluralidade cultural estimulando o desenvolvimento pessoal/
coletivo e a compreensão do homem plural que é capaz de receber as mais diversas
informações sobre diferentes áreas do conhecimento e transformá-lo em benefício
comum.
A pluralidade cultural é um tema
transversal da educação brasileira e, como tal, pode ser abordado dentro das
diversas disciplinas do currículo escolar.
Aprendizagem e
Multirreferencialidade
A abordagem multirreferencial foi
esboçada primeiramente por Jacques Ardoino e seu grupo de trabalho. Ela pode
ser compreendida como uma crítica aos modelos científicos que são estruturados
a partir do racionalismo cartesiano e do positivismo comteano.
Quando as ciências humanas se
instauraram, elas buscaram e se apoiaram nos paradigmas da objetividade e
neutralidade das ciências naturais a fim de garantir a sua legitimidade. Isto
causou uma incorporação metodológica que não lhe é própria, pois não
possibilitou explicar a complexidade dos comportamentos humanos.
A idéia da multirreferencialidade
na aprendizagem está ligada ao reconhecimento das praticas sociais e,
conseqüentemente, à produção humana como extremamente complexa.
Educação e Diversidade: A
Experiência da Educação Indígena do Brasil
Sabemos que o Brasil possui uma
multiplicidade de etnias, grupos culturais, religiões e maneiras de ser. Isto
faz com que a sociedade brasileira possua diferenças regionais significativas,
não é mesmo? Vimos que essa diversidade etnocultural freqüentemente é alvo de
preconceito e discriminação.
Com relação aos povos indígenas
não é diferente. Não são poucas as considerações sobre os índios que dizem que
eles não têm cultura, são primitivos, atrasados, que o contato com a cultura do
branco, dita "civilizada", tem provocado uma aculturação que porá fim
aos grupos indígenas. Mas será que isto é verdade? Ou será que não está havendo
uma troca cultural, levando os índios a ter uma outra visão de mundo, sem
perder seus valores? O conhecimento
deste grupo étnico significa liberta-se dos conceitos estereotipados, muitas
vezes preconceituosos. Enquanto educadores, podemos estar desmistificando os
conceitos errados e aprendendo com o diferente. Se olharmos o cotidiano
indígena temos muito a aprender. Começando pelo seu método educacional que é
bem prático e vinculado à realidade da tribo, passando por questões da
biodiversidade e da arte indígena, que podem subsidiar nossas aulas de biologia
e educação artística, respectivamente; pelas idéias cosmológicas e das teorias
sociais, que podem interessar à discussão em aulas de filosofia, etc.
- Educação, Psicanálise e Cultura
- Respeito a diferenças
- Jogos indigenas do brasil
- A educação indígena e a nova
história
Aprenda Mais assistindo
Narradores de Javé (Brasil, 2003)
TEMA 3 – A invenção da
identidade: quem é brasileiro?
Neste terceiro tema queremos
abordar questões referentes à construção de nossa brasilidade. Aqui falaremos
das matrizes culturais que formam o Brasil.
Desejos entendimento e que vocês
possam aprimorar cada vez mais o conhecimentos acerca dos conteúdos aqui
abordados.
A Cultura Indígena
Os índios do Brasil não formam um
só povo: são povos que possuem hábitos, costumes e línguas próprias.Tentar
caracterizar em blocos as sociedades indígenas é correr o risco de generalizar
sobre grupos diversificados. Não há duas sociedades indígenas iguais.
Entretanto, podemos destacar algumas características comuns existentes que
caracteriza a etnia indígena:
Vivem em aldeamentos. Gostam de
usar adornos e pinturas no corpo. Dividem socialmente o trabalho. Desenvolvem
uma agricultura rudimentar. Usam instrumentos musicais em seus rituais. Os
costumes são transmitidos pelas mais idosos.
Quando os portugueses chegaram ao
Brasil em 1500, aqui viviam cerca de 5 milhões de índios. As doenças trazidas
pelos europeus ao longo dos anos e as constantes lutas entre índios e brancos
fizeram com que muitos grupos desaparecessem.
Atualmente, muitas culturas já se
extinguiram, outras não praticam seus rituais tradicionais e há aquelas que
lutam pelo direito às terras onde seus ancestrais viveram. Para o indígena, o
uso da terra é coletivo, a produção e o resultado do trabalho são socialmente
distribuídos. A terra para o índio é um bem comum, de extrema importância. Na
Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, está previsto aos índios o
direito da posse das terras ocupadas tradicionalmente por eles. Mesmo assim,
ainda vemos discussões, lutas e conflitos pela demarcação das terras, não é
verdade Existem grupos indígenas que, por estarem em contato permanente com a
nossa sociedade, adotaram muitos hábitos e costumes da nossa cultura, falam o
português, usam produtos industrializados, mas nem por isso deixam de ser índios.
Existem ainda grupos que mantêm contatos apenas ocasionais com os brancos e,
finalmente, grupos que não têm qualquer contato com a sociedade, desconhecendo
nossos costumes e língua.
Existem grupos indígenas que, por
estarem em contato permanente com a nossa sociedade, adotaram muitos hábitos e
costumes da nossa cultura, falam o português, usam produtos industrializados,
mas nem por isso deixam de ser índios. Existem ainda grupos que mantêm contatos
apenas ocasionais com os brancos e, finalmente, grupos que não têm qualquer
contato com a sociedade, desconhecendo nossos costumes e língua.
A Cultura Européia
O elemento branco que participou
da formação étnica do Brasil pertence a vários grupos, principalmente os de
origem européia. Durante a época colonial, entraram predominantemente os
portugueses, mas não foram os únicos: de 1580 a 1640, durante a chamada União
Ibérica (período que Portugal ficou sob o domínio da Espanha), vieram para cá
muitos espanhóis; de 1630 a 1654, durante a ocupação holandesa no Nordeste,
vieram flamengos ou holandeses, que ficaram mesmo depois da retomada da área
pelos portugueses; nos séculos XVI e XVII, aportaram franceses, ingleses e até
italianos. Mas, durante esse período (de 1500 a 1822), predominaram os
portugueses.
Após a Independência, ocorreu
nova entrada maciça de elementos brancos através da imigração, principalmente
no período de 1850 até 1934. Após 1934, por uma série de razões, a imigração
para o Brasil diminuiu sensivelmente, chegando a ser irrelevante para o incremento
populacional do país. Os portugueses, no conjunto dos elementos brancos, foram
o grupo mais numeroso na formação étnica do Brasil. Eles se misturaram com
indígenas e negros e espalharam-se por todo o território nacional.
Os italianos constituem o grupo
branco mais numeroso que entrou no Brasil após os portugueses, seguido dos
espanhóis.
A Cultura Negra
Desde o século XVI, época que
começou nossa colonização, o negro participou ativamente da formação da cultura
brasileira com seu trabalho, suas crenças, seus costumes, seu jeito de ser e
viver.
Os negros africanos foram
traficados para o Brasil como escravos. Eles vieram de diferentes regiões da
África: Senegal, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim, Benin (antigo Daomé),
Nigéria, Congo, Angola, Moçambique... O comércio dos negros africanos muito
beneficiou os traficantes, que, na África, os trocavam por mercadorias baratas
e vendiam, no Brasil, por preços altos; os senhores de engenhos que os
utilizavam como mão-de-obra escrava e a Coroa portuguesa que cobrava impostos
pelo comércio humano. No Brasil, durante os anos que predominou o regime de
trabalho escravo, os negros foram utilizados como mão-de-obra nas plantações de
cana-de-açúcar, nos trabalhos domésticos, na mineração, nas lavouras de cacau e
café.
As principais culturas africanas
vinda para o Brasil são: a banto e a nagô. Fixou-se na Bahia a cultura dos
nagôs e no Rio de Janeiro a cultura dos bantos.
A cultura negra é marcante no
Brasil. Dentre as manifestações culturais afro-brasileiras, podemos destacar o
candomblé, as danças (a capoeira, samba de roda, maculelê), os instrumentos
musicais, a culinária.
Formação cultural do Brasil ou
Brasileiros: Quem somos nós? Em busca da identidade nacional
Quem são os brasileiros? Quem
somos nós? É sempre a mesma questão! A visão da formação do povo brasileiro
escrita na História do Brasil começa com a explicação de três raças: a branca,
a indígena e a africana. Esta visão das três raças surge ainda no Brasil
Império, no seio de pesquisadores naturalistas, e ganha a adesão de cronistas e
escritores, a exemplo de José de Alencar, Machado de Assis, Lima Barreto,
Alvarez de Azevedo entre outros, em meio às teorias da época que reuniam os
saberes biológicos com os sociais.
A idéia da miscigenação racial
muito presente nos teóricos do século XX ainda persiste no inconsciente
coletivo. O Brasil não se esquiva de festejar datas comemorativas de santos
católicos, com uma pitada de estética afro-religiosa, assim como não deixa de
festejar o carnaval na forma que mostra a cultura indígena idealizada. Nesta
festa, os ricos viram pobres e os pobres viram reis e rainhas. O patrão dança
ao lado do empregado e o branco junto ao negro. Especialmente agora que já
comemoramos 500 anos de descobrimento do Brasil, lembramos das etnias que
consolidaram nesta nação hospitaleira a doçura da culinária, o afago, a
amabilidade e a alegria festiva.
Mas será verdade que o Brasil
vive um paraíso racial? A mitologia da brasilidade mestiça, dentre tantas
outras, tentava difundir verticalmente que aqui era o paraíso racial no qual os
diversos povos conseguiam conviver, apesar das suas diferenças, pacificamente.
Trataremos um pouco desse assunto neste bloco.
Finalmente, nosso quarto bloco!
Aqui, após passear pelos conhecimentos antropológicos da cultura, da história e
da educação iremos ver como os conceitos usados por essas ciências
"afetaram" a construção de nossa identidade nacional.
Construindo Mitos
Você já observou que o Brasil
sempre buscou passar a imagem de um país afetuoso, onde há um povo pacífico,
livre de preconceitos de raça e de religião? Essa idéia de que vivíamos numa
democracia racial foi cultivada por muitos anos, apesar das visíveis
desigualdades e limites de oportunidades oferecidas aos negros e índios.A
preservação desse mito, "o Brasil é um paraíso racial!", sempre foi
interesse do homem branco, pois esse mito se apresenta como forma de abrandar
os conflitos sociais e camuflar os mecanismos de exploração e de subordinação
do outro, do não-branco.Mas será que este paraíso racial realmente existe?
Procure olhar a sua volta. Como vivem, onde vivem e em que trabalham os
brancos, os negros e os indígenas brasileiros? A que grupo racial pertence a
maioria dos meninos de rua? Quantos médicos, professores universitários,
padres, engenheiros, gerentes de banco, militares, industriais, políticos ou
apresentadores de televisão você conhece que sejam negros ou indígenas?
Se fizermos uma retrospectiva de
fatos da nossa história, observaremos que o brasileiro ainda tem um
inconsciente coletivo racista. Esse aspecto está oculto na chamada história
oficial e ao longo dela foi sendo construído os MITOS.
Você já se perguntou como surgem
os mitos e como eles se mantêm? Talvez não convenha à maioria branca
beneficiada alterar esta situação e assinalar os reais interesses mantidos por
trás da "imutável" marginalização do negro ou do indígena. Quem sabe
não interesse a determinadas instituições oficiais trazer à luz documentos que
venham questionar a imagem dos "grandes heróis nacionais".
E aí, você já ouviu falar que os
índios são indolentes? Que os negros pertencem a uma raça inferior? Que vivemos
numa terra onde há liberdade racial? Pois é, estes são alguns dos muitos mitos
que se ouve ainda hoje.
Espere um pouco, desde quando os
índios são indolentes?
O europeu aportou nessas terras
abastecido de preconceitos e crendices, a serviço da Coroa e do cristianismo.
Apesar do "ide e pregai o evangelho a todas as criaturas", a
catequização indígena facilitava muito o processo de colonização portuguesa.
Tendo os índios como bárbaros, os portugueses, antes de implantar o regime de
escravidão negra africana, submeteram estes povos ao trabalho forçado. Porém,
como reação contrária àquele sistema, e conhecedores das terras pré-brasílicas,
os índios muitas vezes fugiam do trabalho. Daí a alegação de que eles eram
preguiçosos e irresponsáveis pelos portugueses no tempo da colônia e que
permanece ainda nos dias de hoje.
E os negros inferiores?
Assim como os índios, os negros
também foram submetidos ao trabalho forçado. Estes foram tidos como animais
pelos brancos colonizadores, que os transformaram em mercadorias no lucrativo
tráfico negreiro no período da escravidão. Por que isso? Uma das muitas
respostas encontradas é a que os europeus, devido ao seu etnocentrismo, tinham
os negros como inferiores, tanto físico, quanto culturalmente. Por isso, aos
negros restava os trabalhos menos dignificantes para os brancos. A estes
últimos, estava disponível o privilégio da educação jesuítica que preparava os
novos religiosos e /ou os intelectuais que, muitas vezes, ocupavam os cargos de
poder da colônia. Você já ouviu falar de poetas da fase quinhentista da nossa
literatura? Muitos deles estudaram na famosa Coimbra portuguesa, não é? Pois
bem, para lá iam aqueles que optavam por não seguir a carreira religiosa ao
terminar os estudos com os jesuítas por aqui.
Liberdade racial no Brasil, o que
é isto?
Segundo o dicionário Michaelis,
liberdade é independência, autonomia. E o termo racial é relativo à raça. É
comum o tratamento de pessoas independente de sua raça no Brasil? Quando você
passa pela rua e vem um indivíduo negro do lado contrário, você segura com mais
firmeza os seus pertences? E se fosse um branco? Pois bem, lá na escravidão o
negro não tinha como se equiparar ao branco num sistema onde homem branco
gozava do privilégio de seus traços físicos e culturais. Como era de se
esperar, o mundo dos escravos sempre permanecia aquém do dos seus senhores. Na
tentativa de conquistar alguma regalia, muitos negros, escravizados ou não,
tentaram a negação dos traços afros, buscando assimilar o padrão físico e
cultural do dominador, como uma via para obter os benefícios da Casa-Grande.
Porém, no final do século XIX e começo do XX, com a imigração maciça de
europeus, a mão-de-obra negra oficialmente livre foi substituída pela dos
alemães e italianos, dentre outros brancos ou amarelos, que simbolizavam o
progresso que chegava a estas terras atrasadas. E o resultado disso? O
nascimento das favelas. E de que cor é a maioria dos favelados ainda hoje?
Racismo e Relações Étnico-Raciais
no Brasil
Convidamos você para um passeio a
uma outra história do nosso país. Vamos lá?
Para começar, o que seria
"raça"?
Um dos conceitos de
"raça" é que ela é um conjunto de indivíduos que mantêm, por
hereditariedade, características parecidas, procedentes de uma ascendência
comum.
O que é racismo?
Racismo é a valorização generalizada
e definitiva de diferenças reais ou imaginárias em proveito do acusador e em
detrimento de sua vítima a fim de justificar seus privilégios e sua agressão.
E racismo científico?
A idéia de raça foi estendia para
grupos humanos principalmente através do pensador inglês Herbert Spencer
(1820-1903), com a publicação de Leis Universais do Desenvolvimento, em 1850.
Ao ter contato com as teorias evolucionistas de Charles Darwin (A Origem das
Espécies, 1859), Spencer aplicou o princípio da sobrevivência do mais apto ao
estudo das sociedades humanas para defender a escravidão a partir da evolução
das raças. Este foi o marco do racismo científico.
Você deve estar se perguntando
para que tudo isso, não? É simples. Vamos passear pela história do racismo no
Brasil.
No Brasil, as teorias racistas,
especialmente no século XIX, acharam um campo fértil para desabrochar o racismo
brasileiro.
Veja, havia aqui um sistema de
escravidão racial e um sem número de cientistas e instituições, como os
Institutos Históricos e Geográficos, bastante interessados nestas idéias, pois
com o enfraquecimento do pensamento religioso, naquele contexto iluminista, era
a partir da ciência que se reconheciam diferenças e se determinavam
inferioridades.
Os nomes de destaque desta
"ciência" foram Nina Rodrigues, com sua Antropologia Criminal, e
Silvio Romero, que acreditava no desaparecimento das raças inferiores no
processo de seleção natural. Percebeu como a ciência brasileira sofreu
influência direta das idéias raciais importadas da Europa? Não? Então calma,
logo, logo chegaremos lá.
Relações Étnico-Raciais no Brasil
Autores como Thomas Skidmore (O
Preto no Branco), Abdias do Nascimento (O genocídio do Negro Brasileiro), Lilia
Schawarcz (O espetáculo das Raças), dentre tantos outros, descreveram como as
relações étnico-raciais foram complicadas neste país. Você já leu algum deles?
Pois assim que lê-los, basta
somente um deles, você com certeza vai entender a afirmação de Florestan
Fernandes quando ele diz que negar o preconceito de cor no Brasil é como negar
as cores da bandeira nacional.
Chegou a hora de matar a
curiosidade.
A elite intelectual brasileira
absorvia teorias européias e as aplicava forçosamente à realidade local. Uma
das idéias muito consumidas por intelectuais brasileiros nesta época foi a do
conde Arthur de Gobineau (1816-1882), que defendia a pureza racial sob a pena
da degeneração da raça branca através da miscigenação, fato que impediria o
progresso e a civilização em sociedades formadas por sub-raças mestiças não
civilizáveis. Gobineau teve no Brasil entre 1869 e 1870 e ficou amigo do
imperador Dom Pedro II; em muitas de suas conversas eles trataram da abolição
da escravatura e de políticas de imigração de europeus. Dava-se a largada para
a necessidade de "arianizar" o Brasil.
O brasileiro Oliveira Vianna,
entre outros intelectuais, debruçou-se sobre a necessidade de branquear o
Brasil. De que maneira? Através do casamento com europeus, como os alemães e
italianos que chegavam ao sul do país, no final do século XIX e início do XX,
momento em que houve uma significativa abertura para vinda de estrangeiros.
Cerca de quatro milhões de europeus vieram para Brasil através das políticas
públicas migratórias naquele período.
A mestiçagem no Brasil
Em outra época repelida, a partir
dos anos 30 do século XX, a teoria mestiçagem começou a ser
"proclamada" como elemento essencial para a formação do povo
brasileiro. Era o momento em que fervia o debate sobre a formação da identidade
nacional, já citada em outro tópico.
Para se ter uma idéia do que se
discutia, havia, por exemplo, a ideologia do 'caráter nacional brasileiro, nela
a nação é formada pela mistura de três raças - índios, negros e brancos - e a
sociedade mestiça desconhece o preconceito racial.
Ganha destaque nesta etapa de ode
a Democracia Racial, o tão famoso Gilberto Freyre (Casa-Grande e Senzala), que
tentava ocultar a problemática situação brasileira, condenando a conjuntura
racista do rico EUA.
Porém, na perspectiva freyriana,
o negro é visto pelo olhar do paternalismo branco, que vê a afeição natural e o
carinho com que brancos e negros se relacionam, completando uns aos outros, num
trânsito contínuo entre a casa-grande e a senzala.
Mas você, alguém que tem
consciência crítica, no uso de seu bom senso, certamente conseguiu perceber que
a realidade ainda é bem outra, uma vez que inequivocamente, negros e índios
sofreram a maior espoliação dentro da sociedade brasileira. Assim, esta
exploração é tal, que ainda em nossos dias não se pode dizer que se trata de
uma situação perdida em um passado distante.
E aí, você já tinha visto este
outro Brasil?
BASES TEÓRICAS DO RACISMO –
SÉCULO XIX
Arianismo - Darwinismo Social -
Evolucionismo Social - Eugenia
Diversidade no Brasil Contemporâneo:
Desconstruindo Mitos
A partir dos anos 30, o Brasil
começou a intensificar seu processo de industrialização. Com ele, veio também a
necessidade de incorporar, de alguma forma, a massa enorme de ex-escravizados.
Mas, como integrar estes negros e negras, com tanta demanda reprimida, no
processo de desenvolvimento industrial que vivia o Brasil, sem por em risco a
ordem social, levando em conta a diversidade racial da população?
O que fazer? As músicas da época
de ouro do rádio, como "Aquarela do Brasil" ("Brasil, meu Brasil
brasileiro, meu mulato inzoneiro..."), de Ari Barroso, composta no final
dos anos 30, exaltavam a mestiçagem e difundiam as ideologias que aquele
"momento necessitava". Porém, a desigualdade racial aqui era algo que
saltava aos olhos. Apesar de os movimentos étnico-raciais, como o Teatro
Experimental do Negro – TEN, com Abdias do Nascimento, o jornal O Clarim da
Alvorada, com José Correia Leite, e outros denunciarem, ainda na primeira
metade do século XX, o estado que se encontrava a "diversidade no paraíso
racial brasileiro", mesmo assim, a sociedade brasileira optou por
permanecer míope quanto às desigualdades sócio-raciais deste país.
Derrubando os Mitos
Se você acreditava na passividade
dos oprimidos brasileiros e tinha como herói nacional apenas Tiradentes, saiba
que as lutas dos movimentos negros desde os quilombos até os nossos dias sempre
puseram em xeque a história "oficial" do afro-brasileiro. Com os
índios não foi diferente. Assim, teve início o processo de desconstrução de
variados "mitos" até então vigentes no Brasil. Como o de que "os
índios são preguiçosos"; "os negros, como crianças, reagem
pacificamente a 'situações sociais não satisfatórias'"; o da
"democracia racial brasileira", "o da liberdade racial
brasileira", etc.
Curiosidade
Quanto ao mito da liberdade
racial, recentemente aconteceu algo interessante. Apesar de a ideologia do
embranquecimento ainda continuar viva no subconsciente de muitos brasileiros,
os negros de pele clara continuam sendo negros. Parece óbvia a afirmação, não
é? Pois bem, o craque de futebol Ronaldo "fenômeno" declarou na
imprensa que era branco. Segundo o mito da liberdade racial, tudo bem. Porém, a
imprensa brasileira, ao contrário do que diria tal mito, fez um verdadeiro
alarde sobre esta declaração, tornando-a polêmica. Aí pergunto a você: A
combinação de miscigenação e com alto poder aquisitivo permite ao negro ser branco?
Conquistas Parciais
No centenário da Abolição da
Escravatura, foi promulgada a nova Constituição da República Federativa do
Brasil. Nela, em decorrência da lutas pelos direitos civis dos movimentos
étnico-raciais, ficou consagrado no:Título II - Dos direitos e
garantias fundamentais
Capítulo I - Dos direitos e
deveres individuais e coletivos
Artigo 5º - Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Inciso XLII - a prática do
racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei.
Com a regulamentação desse
parágrafo, veio em seguida pela Lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989, alterada
pela Lei nº 8882, de 3 de junho de 1994 e novamente alterada em 13 de maio de
1997, pela Lei nº 9459, que acrescentou também ao Artigo 140 do Código Penal
relativo ao crime de injúria por utilização de "elementos referentes à
raça, cor, etnia, religião ou origem", estabelecendo pena de
"reclusão de um a três anos e multa".
E mais, você sabia que em 2003
foi promulgada a Lei 10.639 que regulamenta o ensino de História e Cultura
Africana e Afro-brasileira neste país?
Estes atos servem para fortalecer
a verdadeira identidade pluricultural brasileira.
Políticas de Ações Afirmativas:
Em Busca da Alternativa
Conquistas Parciais
No centenário da Abolição da
Escravatura, foi promulgada a nova Constituição da República Federativa do
Brasil. Nela, em decorrência da lutas pelos direitos civis dos movimentos
étnico-raciais, ficou consagrado no:
Título II - Dos direitos e
garantias fundamentais
Capítulo I - Dos direitos e
deveres individuais e coletivos
Artigo 5º - Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Inciso XLII - a prática do
racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei.
Com a regulamentação desse
parágrafo, veio em seguida pela Lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989, alterada
pela Lei nº 8882, de 3 de junho de 1994 e novamente alterada em 13 de maio de
1997, pela Lei nº 9459, que acrescentou também ao Artigo 140 do Código Penal
relativo ao crime de injúria por utilização de "elementos referentes à
raça, cor, etnia, religião ou origem", estabelecendo pena de
"reclusão de um a três anos e multa".
E mais, você sabia que em 2003
foi promulgada a Lei 10.639 que regulamenta o ensino de História e Cultura
Africana e Afro-brasileira neste país?
Estes atos servem para fortalecer
a verdadeira identidade pluricultural brasileira.
Políticas de Ações Afirmativas:
Em Busca da Alternativa
Da Necessidade de Reparação
A situação do negro neste país,
hoje, ainda reflete um passado abjeto, no qual este seguimento da população foi
submetido pelas políticas do Estado. Mesmo com toda contribuição na culinária,
na língua, na música, etc, que garantem esta característica tão especial ao
Brasil, os negros ainda estão longe de desfrutar da melhor parte deste país.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, recentemente tem
sido observada uma incipiente classe média negra, que já aparece como 4,4% da
população brasileira. No entanto, vale ressaltar que os negros são cerca de 46%
do total de brasileiros!
FONTE: ADANDÉ Informativo do
Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UEFS – NENNUEFS, Feira de Santana, maio
2005. (Edição especial).
Segundo o Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento-PNUD, utilizando o Índice de Desenvolvimento Humano- IDH
como instrumento de verificação das desigualdades sócio-raciais no Brasil,
podem ser encontrados 55 países entre o Brasil da população negra (101º lugar)
e o Brasil da branca (46º lugar). Tais elementos invocam a necessidade de se
repensar a sociedade brasileira. É o momento de valorizar de fato os vários
seguimentos que compõem a chamada diversidade do povo brasileiro. Para que
construamos uma nova história de igualdade entre as partes que compõe esta
terra pluricultural. Mas de que forma se constrói esta história? REPARAÇÃO JÁ!
Diz o Movimento Negro.
Conceito de Políticas de Ações
Afirmativas
As iniciativas governamentais
adotadas para solucionar problemas sociais ou econômicos (políticas públicas) e
as medidas privadas ou governamentais de caráter compulsório, facultativo ou
voluntário que visam a eliminação ou a mitigação de desigualdades históricas
contra grupos e suas respectivas conseqüências, notadamente no trabalho e na
educação, são estratégias para consecução dos fins estatais positivados e
ganham o nome de Ações Afirmativas" É como conceitua as Políticas de Ações
Afirmativas, o Acadêmico de Direito da Universidade Federal da Bahia, Arivaldo
Santos de Souza.
Da Legalidade
No Brasil, muitas pessoas
criticam as cotas raciais (uma das Políticas de Ações Afirmativas). Alegam uma
série de problemas nestas, inclusive o fato de ferir o direito de igualdade de
oportunidades.Porém, do ponto de vista legal ela é tão válida que a Portaria
1.156/2001 possibilita reserva de vagas para afrodescendentes no Ministério da
Justiça. E mais, a lei nº 5465 de 03/07/1968, a chamada Lei do Boi, da
preferência a 50% das vagas de escolas superiores de agricultura e veterinária,
mantidas pela União, para agricultores e filho destes. Assim como há reserva de
vagas para deficientes físicos em empregos públicos (Art. 37, VIII, da
Constituição Federal) e para mulheres nas candidaturas partidárias - Lei nº
9504/97. (ADANDÉ).
Conceitos e métodos da
antropologia
A Antropologia durante sua formação enquanto
disciplina desenvolveu uma saber particular, construindo conceitos, discussões
teóricas e metodologias particulares:
alteridade etnografia etnologia o outro
natureza e cultura etnocentrismo relativismo (antropologia) natureza e cultura
representações (antropologia) categorias (antropologia) informantes