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segunda-feira, 7 de maio de 2012

ANTROPOLOGIA CULTURAL

Antropologia Cultural e História: Noções Necessárias
A cultura é dinâmica, assim como o homem! A antropologia como estudo do homem e de sua produção material e imaterial, visa compreender as relações humanas.
O nosso primeiro tema irá levar você a uma viagem ao conhecimento acerca da relação da Antropologia Cultural e a História. Nesta viagem, você perceberá que muitos conceitos, visões e atitudes interferem em nosso meio cultural. É preciso entendê-los para poder preservar e garantir o bem maior, que é a produção humana.

Passaremos à discussão sobre cultura, história, raça, etnia, identidade e educação.
Noção Antropológica de Cultura

Certamente, você já ouviu falar em cultura. Creio que você já percebeu que esse termo suscita muitas interpretações, não é mesmo? Se formos buscar um conceito para essa palavra no velho e conhecido dicionário Aurélio, vemos, entre os citados, como sendo ato, efeito ou modo de cultivar. Esta idéia originária de fazer brotar, crescer e desenvolver aparece no final do século XI como sinônimo de agricultura. Podemos também extrair desse conceito como sendo a ação que conduz à realização de alguma coisa ou de alguém; e isto não é legal perceber?
Bom, historicamente, a palavra cultura assumiu outros significados: no século XVIII a palavra cultura ressurge, mas como sinônimo de um outro conceito; tornando-se sinônimo de civilização. Ela tornou-se o padrão ou o critério que mede o grau de civilização de uma sociedade. Assim, a cultura passou a ser encarada como um conjunto de práticas (artes, ciências, técnicas, filosofia, ofícios) que permitam avaliar e hierarquizar as sociedades segundo um grau de evolução/ progresso.

No século XIX, quando se constitui a Antropologia como um ramo das ciências humanas, os antropólogos por tomarem a noção de progresso vinda do século XVIII, precisaram estabelecer um padrão para medir a evolução ou o grau de progresso cultural das sociedades. Sabe qual foi esse padrão? O europeu! Todos os grupos sociais que não atingissem os critérios europeus de estado, mercado, escrita eram considerados atrasados, primitivos culturalmente.
A partir da segunda metade do século XX, o conceito de cultura expande-se. Passa a ser entendida como produção e criação da linguagem, da religião, dos instrumentos de trabalho, das formas de lazer, da música, da dança, dos sistemas de relações sociais. A cultura passa a ser compreendida como o campo no qual a sociedade inteira participa elaborando seus símbolos e seus signos, suas práticas e seus valores.
Mas você deve estar se perguntando: O que é a cultura do ponto de vista antropológico?
A primeira definição formulada do ponto de vista antropológico aparece com Edward Tylor, na sua obra Primitive Culture (1871). Cultura, para Tylor, é o comportamento aprendido, tudo que independe de uma transmissão genética. Ele procurou demonstrar que ela pode ser objeto de estudo sistemático, pois possui causas e regularidades e, assim, permitindo um estudo objetivo capaz de levar a formulação de leis sobre o processo cultural.
Bem, após passear por algumas interpretações acerca da cultura, inclusive na visão antropológica historicamente construída, podemos entender que ela, hoje, aparece enquanto um conjunto de normas que permeiam o relacionamento dos indivíduos em um grupo social e nos diz como ele pode e deve ser classificado. Neste conceito também se insere as produções originais do homem (artesanais, artísticas e religiosas...). A cultura, do ponto de vista antropológico, é um instrumento para compreender as diferenças entre os homens e as sociedades.

ANTROPOLOGIA
A Antropologia é uma ciência que se preocupa em conhecer o homem em sua completude, ou seja, seus traços biológicos e socioculturais. Ela é, pois, o estudo do homem com suas culturas e histórias, suas linguagens, valores, crenças ou hábitos. O termo Antropologia tem sua origem na palavra que vem do grego anthropos, homem e logos, razão, pensamento.

São duas as áreas de seu interesse: a Antropologia Biológica ou Física e a Antropologia Cultural ou Social. A Antropologia Biológica tem sua essência e dedicação aos aspectos biológicos do homem, enquanto a Antropologia Cultural cuida de observar e estudar as condutas dos seres humanos pertencentes a uma mesma cultura, ou seja, a produção humana ao longo do tempo.
PRINCIPAIS ANTROPÓLOGOS

Lewis H. Morgan (1818-1881); Edward B. Tylor (1832-1917); Arthur Evans (1851-1941); James Frazer (1854-1941); Emile Durkheim (1858-1917); Franz Boas (1858-1942); Marcel Mauss (1872-1950); Bronislaw Malinowski (1884-1942); Radcliffe Brown ( 1881-1955); Ralph Linton ( 1893-1959); Melville Herkovits ( 1895-1963); Margaret Mead (1901-1978); Claude Lévi-Strauss (1908..); Darcy Ribeiro (1922-1997).
Cultura e História

Vimos que cultura tem vários significados. Dentre eles encontramos para definir o que é cultura a idéia tanto de valores e padrões de comportamento de uma sociedade quanto de civilização e progresso, lembra?

Pois bem, podemos afirmar que cada grupo social possui sua história e, conseqüentemente, produz sua própria cultura. O importante ao estudar o processo histórico dos grupos sociais é perceber que cada um, enquanto produtor de cultura, tem sua especificidade e seu valor.

Assim, não podemos usar "chavões" para entender a cultura do outro. Devemos procurar entender cada cultura na sua particularidade, evitando comparações como "a minha é a melhor".
Etnocentrismo e História

Historicamente, é importante observar a grande diversidade de normas e práticas culturais que os grupos sociais possuem, não é mesmo? Bem, sabemos que muitas sociedades viviam

fechadas em si mesmas, desconhecendo-se mutuamente e desenvolvendo crenças erradas acerca das outras, levando ao desenvolvimento do etnocentrismo.
O que é etnocentrismo?
O etnocentrismo é a atitude característica de quem só reconhece legitimidade e validade nas normas e valores vigentes na sua própria cultura ou sociedade.

Tem a sua origem na tendência de julgarmos as realizações culturais de outros povos a partir dos nossos próprios padrões culturais, pelo que não é de admirar que consideremos o nosso modo de vida como preferível e superior a todos os outros. Os valores da sociedade a que pertencemos são, na atitude etnocêntrica, declarados como valores universais aplicáveis a todos os homens, ou seja, dada a sua "superioridade", devem ser seguidos por todas as outras sociedades e culturas.
Quais os perigos da atitude etnocêntrica?
Podemos entender que indivíduos de culturas diferentes percebem o mundo de maneira diferente. O perigo das atitudes etnocêntricas é o fato de levar o homem a vê o mundo através de sua própria cultura, levando a considerar seu modo de vida como o padrão, o mais correto e natural. Esta tendência etnocêntrica tem levado à criação de numerosos conflitos sociais.

Entretanto, a antropologia cultural vem promovendo a abertura das mentalidades, a compreensão e o respeito pelas normas e valores das outras culturas, dizendo:

a) Em todas as culturas encontramos valores positivos e valores negativos.

b) Se certas normas e práticas nos parecem absurdas, devemos procurar o seu sentido integrando-as na totalidade cultural sem a qual são incompreensíveis.

c) O conhecimento de culturas diferentes nos permite compreender o que há de arbitrário em nossos costumes, levando-nos a optar, por exemplo, pelas orientações religiosas diferentes daquelas em que fomos educados, questionar determinados valores vigentes, propor novos critérios de valoração das relações sociais, com a natureza, etc.

Durante o século XIX, os missionários cristãos no Brasil forçaram várias tribos nativas a mudar os seus padrões de comportamento. Chocados com a nudez pública, a poligamia e o trabalho no dia do Senhor, decidiram reformar o modo de vida dos "pagãos". Proibiram os homens de ter mais de uma mulher, instituíram o domingo como dia de descanso e vestiram toda a gente. Estas alterações culturais, impostas a pessoas que dificilmente compreendiam a nova religião, mas que tinham de se submeter ao poder do homem branco, revelaram-se, em muitos casos, nocivas: criaram mal-estar social e desespero entre mulheres e crianças.

Raça, etnia e identidade

A Antropologia Cultural como o estudo das alteridades, no qual se afirma o reconhecimento de cada cultura, nos coloca diante da diversidade. Entre os estudos da compreensão das alteridades destacamos os conceitos de raça, etnia e identidade.

O termo "raça", de uso corriqueiro e banal, vem sendo evitado cada vez mais pelas ciências sociais pelos maus usos a que se prestou. Originalmente, a palavra "raça" estava relacionada ao conjunto dos ascendentes e descendentes de uma família, de um povo. Porém, a partir do século XVIII, ela foi resignificada, uma vez que, as ciências biológicas a utilizou para indicar subgrupos de uma espécie.

Nas ciências biológicas, raça é a subdivisão de uma espécie cujos membros mostram, com freqüência, certo número de atributos hereditários. Refere-se ao conjunto de indivíduos cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, o formato do crânio e do rosto, tipo de, cabelo etc., são semelhantes e se transmitem por hereditariedade.

A noção de "raça" foi entendida para grupos humanos (na tentativa de demonstrar uma pretensa relação de superioridade/ inferioridade), sobretudo, através de Herbert Spencer, com a publicação de A descendência do Homem, em 1871.

Convém lembrar que o uso do termo "raça" no senso comum é ainda muito difundido por certos grupos sociais que alimentam o racismo e a discriminação. Por sua vez, o conceito de etnia substitui com vantagens o termo "raça", já que tem base social e cultural. "Etnia" ou "grupo étnico" designa um grupo social que se diferencia de outros por sua especificidade cultural. Atualmente, o conceito de etnia estende-se a todas as minorias que mantêm modos de ser distintos e formações que se distinguem da cultura dominante. Assim, os pertencentes a uma etnia partilham da mesma visão de mundo, de uma organização social própria, apresentam manifestações culturais que lhe são características.

Por isso é errado, conceitual e etnicamente, sustentar argumentos de ordem racial/ étnica para justificar desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, exploração de certos grupos humanos. Historicamente, no Brasil, tentou-se justificar, por essa via, injustiças cometidas contra povos indígenas, contra africanos e seus descendentes, desde a escravidão a formas contemporâneas de discriminação e exclusão destes e de outros grupos étnicos e culturais.

É importante perceber que cada grupo étnico possui sua identidade cultural. É preciso saber respeitar cada uma delas, suas diferenças e suas contribuições. Procedendo assim estaremos contribuindo para por fim a muitas injustiças sociais contra as etnias existentes no Brasil.

Afinal, o que é identidade cultural?

A identidade cultural é construída pela visão que temos de nós mesmos (o "eu") e também pela forma que o outro nos vêem (o "outro"), sendo sempre apreendida por um processo de interação entre os indivíduos. A identidade não é algo estático, fruto do isolamento de sociedades ou grupos, mas sim de sua interação e se fundamenta no momento presente. Ela é um processo incessante de construção e reconstrução, ganhando, também, sentido e expressão nos momentos de tensão e conflitos.

Enfim, a identidade cultural se constitui nas especificidades de cada grupo, podendo ser evidenciado nas formas de tratamento, história e experiência de cada povo, onde cada um atribui valores que, necessariamente, não são compatíveis com os outros grupos sociais. A valorização de práticas, ritos, relações de poder e de trabalho que são únicas de cada sociedade e que valorizam a visão de mundo de cada um, é a forma de recuperar o passado a fim de ter um presente mais claro e melhor.

- Antropologia, ciência recente

- Pensando em partir (Everardo P. Guimarães Rocha)

- Mídia e Racismo – a que é que se destina?

- Conhecer a História para entender nosso Tempo

Aprenda mais assistindo

1492 - A Conquista do Paraíso (1492 - Conquest of Paradise).

– Antropologia Cultural e Educação





O nosso segundo tema levará você a estabelecer relações entre a Antropologia Cultural e a Educação. Será que podemos aplicar os conceitos e métodos da Antropologia Cultural na Educação? É o que passaremos ver!

Cultura e Educação

A educação é um importante instrumento de inteirar o homem com o seu meio social, pois possibilita a compreensão da sua realidade. Nesse processo, a escola desempenha papel fundamental na transmissão dos valores culturais.

Você sabia que podemos construir uma visão de mundo melhor baseado-nos no respeito às diferenças é promovendo uma relação desafiadora entre a Antropologia Cultural e a Educação?

É verdade. Através do diálogo entre as duas disciplinas podemos articular um projeto de (re)conhecimento e afirmação das diferenças com outro de intervenção e (re)conhecimento da realidade.

Podemos perceber que existem distâncias entre a Antropologia Cultural e a Educação no que se refere ao método, mas também existem proximidades em relação ao objeto: ambas as disciplinas trabalham com modos de ser, viver e habitar dos grupos sociais. É este ponto comum que se torna interessante para trabalhar em sala de aula.

O educador, através dos métodos antropológicos (pesquisa de campo e da observação participante), pode promover o dialogo de respeito à diversidade cultural, abordando temáticas que envolvam as transformações e os conflitos sociais, a moral e ética, questões relacionadas ao gênero, a etnia e ao trabalho...

A Pluralidade Cultural e sua Transversalidade Certamente você já percebeu a riqueza cultural que o Brasil tem. Esse belo país formado por indivíduos provenientes de várias partes do mundo, e possuidor de uma rica pluralidade cultural. Mas o que é mesmo pluralidade cultural? Você já parou para pensar neste tema?

Pois bem, quando refletimos sobre o conhecimento e a valorização da diversidade cultural dos diferentes grupos sociais que convive no Brasil, nas suas desigualdades socioeconômicas e na crítica às relações socias excludentes estamos falando de pluralidade cultural.

Trabalhar com este tema é tentar compreender as relações que permeia os diferentes grupos sociais, suas diferenças, transformações e continuidades visando à construção de idéias valorativas em relação ao outro.

Nesse processo, o educador e a escola têm papel fundamental a desempenhar. A escola é um espaço de convivência entre estudantes de diferentes origens, com diferentes costumes e o educador pode ser um importante mediador no diálogo do respeito ao diferente. Ele pode trabalhar a pluralidade cultural estimulando o desenvolvimento pessoal/ coletivo e a compreensão do homem plural que é capaz de receber as mais diversas informações sobre diferentes áreas do conhecimento e transformá-lo em benefício comum.

A pluralidade cultural é um tema transversal da educação brasileira e, como tal, pode ser abordado dentro das diversas disciplinas do currículo escolar.

Aprendizagem e Multirreferencialidade

A abordagem multirreferencial foi esboçada primeiramente por Jacques Ardoino e seu grupo de trabalho. Ela pode ser compreendida como uma crítica aos modelos científicos que são estruturados a partir do racionalismo cartesiano e do positivismo comteano.

Quando as ciências humanas se instauraram, elas buscaram e se apoiaram nos paradigmas da objetividade e neutralidade das ciências naturais a fim de garantir a sua legitimidade. Isto causou uma incorporação metodológica que não lhe é própria, pois não possibilitou explicar a complexidade dos comportamentos humanos.

A idéia da multirreferencialidade na aprendizagem está ligada ao reconhecimento das praticas sociais e, conseqüentemente, à produção humana como extremamente complexa.

Educação e Diversidade: A Experiência da Educação Indígena do Brasil

Sabemos que o Brasil possui uma multiplicidade de etnias, grupos culturais, religiões e maneiras de ser. Isto faz com que a sociedade brasileira possua diferenças regionais significativas, não é mesmo? Vimos que essa diversidade etnocultural freqüentemente é alvo de preconceito e discriminação.

Com relação aos povos indígenas não é diferente. Não são poucas as considerações sobre os índios que dizem que eles não têm cultura, são primitivos, atrasados, que o contato com a cultura do branco, dita "civilizada", tem provocado uma aculturação que porá fim aos grupos indígenas. Mas será que isto é verdade? Ou será que não está havendo uma troca cultural, levando os índios a ter uma outra visão de mundo, sem perder seus valores?  O conhecimento deste grupo étnico significa liberta-se dos conceitos estereotipados, muitas vezes preconceituosos. Enquanto educadores, podemos estar desmistificando os conceitos errados e aprendendo com o diferente. Se olharmos o cotidiano indígena temos muito a aprender. Começando pelo seu método educacional que é bem prático e vinculado à realidade da tribo, passando por questões da biodiversidade e da arte indígena, que podem subsidiar nossas aulas de biologia e educação artística, respectivamente; pelas idéias cosmológicas e das teorias sociais, que podem interessar à discussão em aulas de filosofia, etc.

- Educação, Psicanálise e Cultura

- Respeito a diferenças

- Jogos indigenas do brasil

- A educação indígena e a nova história

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Narradores de Javé (Brasil, 2003)

TEMA 3 – A invenção da identidade: quem é brasileiro?

Neste terceiro tema queremos abordar questões referentes à construção de nossa brasilidade. Aqui falaremos das matrizes culturais que formam o Brasil.

Desejos entendimento e que vocês possam aprimorar cada vez mais o conhecimentos acerca dos conteúdos aqui abordados.

A Cultura Indígena

Os índios do Brasil não formam um só povo: são povos que possuem hábitos, costumes e línguas próprias.Tentar caracterizar em blocos as sociedades indígenas é correr o risco de generalizar sobre grupos diversificados. Não há duas sociedades indígenas iguais. Entretanto, podemos destacar algumas características comuns existentes que caracteriza a etnia indígena:

Vivem em aldeamentos. Gostam de usar adornos e pinturas no corpo. Dividem socialmente o trabalho. Desenvolvem uma agricultura rudimentar. Usam instrumentos musicais em seus rituais. Os costumes são transmitidos pelas mais idosos.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, aqui viviam cerca de 5 milhões de índios. As doenças trazidas pelos europeus ao longo dos anos e as constantes lutas entre índios e brancos fizeram com que muitos grupos desaparecessem.

Atualmente, muitas culturas já se extinguiram, outras não praticam seus rituais tradicionais e há aquelas que lutam pelo direito às terras onde seus ancestrais viveram. Para o indígena, o uso da terra é coletivo, a produção e o resultado do trabalho são socialmente distribuídos. A terra para o índio é um bem comum, de extrema importância. Na Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, está previsto aos índios o direito da posse das terras ocupadas tradicionalmente por eles. Mesmo assim, ainda vemos discussões, lutas e conflitos pela demarcação das terras, não é verdade Existem grupos indígenas que, por estarem em contato permanente com a nossa sociedade, adotaram muitos hábitos e costumes da nossa cultura, falam o português, usam produtos industrializados, mas nem por isso deixam de ser índios. Existem ainda grupos que mantêm contatos apenas ocasionais com os brancos e, finalmente, grupos que não têm qualquer contato com a sociedade, desconhecendo nossos costumes e língua.

Existem grupos indígenas que, por estarem em contato permanente com a nossa sociedade, adotaram muitos hábitos e costumes da nossa cultura, falam o português, usam produtos industrializados, mas nem por isso deixam de ser índios. Existem ainda grupos que mantêm contatos apenas ocasionais com os brancos e, finalmente, grupos que não têm qualquer contato com a sociedade, desconhecendo nossos costumes e língua.

A Cultura Européia

O elemento branco que participou da formação étnica do Brasil pertence a vários grupos, principalmente os de origem européia. Durante a época colonial, entraram predominantemente os portugueses, mas não foram os únicos: de 1580 a 1640, durante a chamada União Ibérica (período que Portugal ficou sob o domínio da Espanha), vieram para cá muitos espanhóis; de 1630 a 1654, durante a ocupação holandesa no Nordeste, vieram flamengos ou holandeses, que ficaram mesmo depois da retomada da área pelos portugueses; nos séculos XVI e XVII, aportaram franceses, ingleses e até italianos. Mas, durante esse período (de 1500 a 1822), predominaram os portugueses.

Após a Independência, ocorreu nova entrada maciça de elementos brancos através da imigração, principalmente no período de 1850 até 1934. Após 1934, por uma série de razões, a imigração para o Brasil diminuiu sensivelmente, chegando a ser irrelevante para o incremento populacional do país. Os portugueses, no conjunto dos elementos brancos, foram o grupo mais numeroso na formação étnica do Brasil. Eles se misturaram com indígenas e negros e espalharam-se por todo o território nacional.

Os italianos constituem o grupo branco mais numeroso que entrou no Brasil após os portugueses, seguido dos espanhóis.

A Cultura Negra

Desde o século XVI, época que começou nossa colonização, o negro participou ativamente da formação da cultura brasileira com seu trabalho, suas crenças, seus costumes, seu jeito de ser e viver.

Os negros africanos foram traficados para o Brasil como escravos. Eles vieram de diferentes regiões da África: Senegal, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim, Benin (antigo Daomé), Nigéria, Congo, Angola, Moçambique... O comércio dos negros africanos muito beneficiou os traficantes, que, na África, os trocavam por mercadorias baratas e vendiam, no Brasil, por preços altos; os senhores de engenhos que os utilizavam como mão-de-obra escrava e a Coroa portuguesa que cobrava impostos pelo comércio humano. No Brasil, durante os anos que predominou o regime de trabalho escravo, os negros foram utilizados como mão-de-obra nas plantações de cana-de-açúcar, nos trabalhos domésticos, na mineração, nas lavouras de cacau e café.

As principais culturas africanas vinda para o Brasil são: a banto e a nagô. Fixou-se na Bahia a cultura dos nagôs e no Rio de Janeiro a cultura dos bantos.

A cultura negra é marcante no Brasil. Dentre as manifestações culturais afro-brasileiras, podemos destacar o candomblé, as danças (a capoeira, samba de roda, maculelê), os instrumentos musicais, a culinária.

Formação cultural do Brasil ou Brasileiros: Quem somos nós? Em busca da identidade nacional

Quem são os brasileiros? Quem somos nós? É sempre a mesma questão! A visão da formação do povo brasileiro escrita na História do Brasil começa com a explicação de três raças: a branca, a indígena e a africana. Esta visão das três raças surge ainda no Brasil Império, no seio de pesquisadores naturalistas, e ganha a adesão de cronistas e escritores, a exemplo de José de Alencar, Machado de Assis, Lima Barreto, Alvarez de Azevedo entre outros, em meio às teorias da época que reuniam os saberes biológicos com os sociais.

A idéia da miscigenação racial muito presente nos teóricos do século XX ainda persiste no inconsciente coletivo. O Brasil não se esquiva de festejar datas comemorativas de santos católicos, com uma pitada de estética afro-religiosa, assim como não deixa de festejar o carnaval na forma que mostra a cultura indígena idealizada. Nesta festa, os ricos viram pobres e os pobres viram reis e rainhas. O patrão dança ao lado do empregado e o branco junto ao negro. Especialmente agora que já comemoramos 500 anos de descobrimento do Brasil, lembramos das etnias que consolidaram nesta nação hospitaleira a doçura da culinária, o afago, a amabilidade e a alegria festiva.

Mas será verdade que o Brasil vive um paraíso racial? A mitologia da brasilidade mestiça, dentre tantas outras, tentava difundir verticalmente que aqui era o paraíso racial no qual os diversos povos conseguiam conviver, apesar das suas diferenças, pacificamente. Trataremos um pouco desse assunto neste bloco.

Finalmente, nosso quarto bloco! Aqui, após passear pelos conhecimentos antropológicos da cultura, da história e da educação iremos ver como os conceitos usados por essas ciências "afetaram" a construção de nossa identidade nacional.

Construindo Mitos

Você já observou que o Brasil sempre buscou passar a imagem de um país afetuoso, onde há um povo pacífico, livre de preconceitos de raça e de religião? Essa idéia de que vivíamos numa democracia racial foi cultivada por muitos anos, apesar das visíveis desigualdades e limites de oportunidades oferecidas aos negros e índios.A preservação desse mito, "o Brasil é um paraíso racial!", sempre foi interesse do homem branco, pois esse mito se apresenta como forma de abrandar os conflitos sociais e camuflar os mecanismos de exploração e de subordinação do outro, do não-branco.Mas será que este paraíso racial realmente existe? Procure olhar a sua volta. Como vivem, onde vivem e em que trabalham os brancos, os negros e os indígenas brasileiros? A que grupo racial pertence a maioria dos meninos de rua? Quantos médicos, professores universitários, padres, engenheiros, gerentes de banco, militares, industriais, políticos ou apresentadores de televisão você conhece que sejam negros ou indígenas?

Se fizermos uma retrospectiva de fatos da nossa história, observaremos que o brasileiro ainda tem um inconsciente coletivo racista. Esse aspecto está oculto na chamada história oficial e ao longo dela foi sendo construído os MITOS.

Você já se perguntou como surgem os mitos e como eles se mantêm? Talvez não convenha à maioria branca beneficiada alterar esta situação e assinalar os reais interesses mantidos por trás da "imutável" marginalização do negro ou do indígena. Quem sabe não interesse a determinadas instituições oficiais trazer à luz documentos que venham questionar a imagem dos "grandes heróis nacionais".

E aí, você já ouviu falar que os índios são indolentes? Que os negros pertencem a uma raça inferior? Que vivemos numa terra onde há liberdade racial? Pois é, estes são alguns dos muitos mitos que se ouve ainda hoje.

Espere um pouco, desde quando os índios são indolentes?

O europeu aportou nessas terras abastecido de preconceitos e crendices, a serviço da Coroa e do cristianismo. Apesar do "ide e pregai o evangelho a todas as criaturas", a catequização indígena facilitava muito o processo de colonização portuguesa. Tendo os índios como bárbaros, os portugueses, antes de implantar o regime de escravidão negra africana, submeteram estes povos ao trabalho forçado. Porém, como reação contrária àquele sistema, e conhecedores das terras pré-brasílicas, os índios muitas vezes fugiam do trabalho. Daí a alegação de que eles eram preguiçosos e irresponsáveis pelos portugueses no tempo da colônia e que permanece ainda nos dias de hoje.

E os negros inferiores?

Assim como os índios, os negros também foram submetidos ao trabalho forçado. Estes foram tidos como animais pelos brancos colonizadores, que os transformaram em mercadorias no lucrativo tráfico negreiro no período da escravidão. Por que isso? Uma das muitas respostas encontradas é a que os europeus, devido ao seu etnocentrismo, tinham os negros como inferiores, tanto físico, quanto culturalmente. Por isso, aos negros restava os trabalhos menos dignificantes para os brancos. A estes últimos, estava disponível o privilégio da educação jesuítica que preparava os novos religiosos e /ou os intelectuais que, muitas vezes, ocupavam os cargos de poder da colônia. Você já ouviu falar de poetas da fase quinhentista da nossa literatura? Muitos deles estudaram na famosa Coimbra portuguesa, não é? Pois bem, para lá iam aqueles que optavam por não seguir a carreira religiosa ao terminar os estudos com os jesuítas por aqui.

Liberdade racial no Brasil, o que é isto?



Segundo o dicionário Michaelis, liberdade é independência, autonomia. E o termo racial é relativo à raça. É comum o tratamento de pessoas independente de sua raça no Brasil? Quando você passa pela rua e vem um indivíduo negro do lado contrário, você segura com mais firmeza os seus pertences? E se fosse um branco? Pois bem, lá na escravidão o negro não tinha como se equiparar ao branco num sistema onde homem branco gozava do privilégio de seus traços físicos e culturais. Como era de se esperar, o mundo dos escravos sempre permanecia aquém do dos seus senhores. Na tentativa de conquistar alguma regalia, muitos negros, escravizados ou não, tentaram a negação dos traços afros, buscando assimilar o padrão físico e cultural do dominador, como uma via para obter os benefícios da Casa-Grande. Porém, no final do século XIX e começo do XX, com a imigração maciça de europeus, a mão-de-obra negra oficialmente livre foi substituída pela dos alemães e italianos, dentre outros brancos ou amarelos, que simbolizavam o progresso que chegava a estas terras atrasadas. E o resultado disso? O nascimento das favelas. E de que cor é a maioria dos favelados ainda hoje?







Racismo e Relações Étnico-Raciais no Brasil



Convidamos você para um passeio a uma outra história do nosso país. Vamos lá?



Para começar, o que seria "raça"?



Um dos conceitos de "raça" é que ela é um conjunto de indivíduos que mantêm, por hereditariedade, características parecidas, procedentes de uma ascendência comum.



O que é racismo?



Racismo é a valorização generalizada e definitiva de diferenças reais ou imaginárias em proveito do acusador e em detrimento de sua vítima a fim de justificar seus privilégios e sua agressão.



E racismo científico?



A idéia de raça foi estendia para grupos humanos principalmente através do pensador inglês Herbert Spencer (1820-1903), com a publicação de Leis Universais do Desenvolvimento, em 1850. Ao ter contato com as teorias evolucionistas de Charles Darwin (A Origem das Espécies, 1859), Spencer aplicou o princípio da sobrevivência do mais apto ao estudo das sociedades humanas para defender a escravidão a partir da evolução das raças. Este foi o marco do racismo científico.



Você deve estar se perguntando para que tudo isso, não? É simples. Vamos passear pela história do racismo no Brasil.



No Brasil, as teorias racistas, especialmente no século XIX, acharam um campo fértil para desabrochar o racismo brasileiro.



Veja, havia aqui um sistema de escravidão racial e um sem número de cientistas e instituições, como os Institutos Históricos e Geográficos, bastante interessados nestas idéias, pois com o enfraquecimento do pensamento religioso, naquele contexto iluminista, era a partir da ciência que se reconheciam diferenças e se determinavam inferioridades.



Os nomes de destaque desta "ciência" foram Nina Rodrigues, com sua Antropologia Criminal, e Silvio Romero, que acreditava no desaparecimento das raças inferiores no processo de seleção natural. Percebeu como a ciência brasileira sofreu influência direta das idéias raciais importadas da Europa? Não? Então calma, logo, logo chegaremos lá.



Relações Étnico-Raciais no Brasil



Autores como Thomas Skidmore (O Preto no Branco), Abdias do Nascimento (O genocídio do Negro Brasileiro), Lilia Schawarcz (O espetáculo das Raças), dentre tantos outros, descreveram como as relações étnico-raciais foram complicadas neste país. Você já leu algum deles?



Pois assim que lê-los, basta somente um deles, você com certeza vai entender a afirmação de Florestan Fernandes quando ele diz que negar o preconceito de cor no Brasil é como negar as cores da bandeira nacional.



Chegou a hora de matar a curiosidade.



A elite intelectual brasileira absorvia teorias européias e as aplicava forçosamente à realidade local. Uma das idéias muito consumidas por intelectuais brasileiros nesta época foi a do conde Arthur de Gobineau (1816-1882), que defendia a pureza racial sob a pena da degeneração da raça branca através da miscigenação, fato que impediria o progresso e a civilização em sociedades formadas por sub-raças mestiças não civilizáveis. Gobineau teve no Brasil entre 1869 e 1870 e ficou amigo do imperador Dom Pedro II; em muitas de suas conversas eles trataram da abolição da escravatura e de políticas de imigração de europeus. Dava-se a largada para a necessidade de "arianizar" o Brasil.



O brasileiro Oliveira Vianna, entre outros intelectuais, debruçou-se sobre a necessidade de branquear o Brasil. De que maneira? Através do casamento com europeus, como os alemães e italianos que chegavam ao sul do país, no final do século XIX e início do XX, momento em que houve uma significativa abertura para vinda de estrangeiros. Cerca de quatro milhões de europeus vieram para Brasil através das políticas públicas migratórias naquele período.



A mestiçagem no Brasil



Em outra época repelida, a partir dos anos 30 do século XX, a teoria mestiçagem começou a ser "proclamada" como elemento essencial para a formação do povo brasileiro. Era o momento em que fervia o debate sobre a formação da identidade nacional, já citada em outro tópico.



Para se ter uma idéia do que se discutia, havia, por exemplo, a ideologia do 'caráter nacional brasileiro, nela a nação é formada pela mistura de três raças - índios, negros e brancos - e a sociedade mestiça desconhece o preconceito racial.



Ganha destaque nesta etapa de ode a Democracia Racial, o tão famoso Gilberto Freyre (Casa-Grande e Senzala), que tentava ocultar a problemática situação brasileira, condenando a conjuntura racista do rico EUA.



Porém, na perspectiva freyriana, o negro é visto pelo olhar do paternalismo branco, que vê a afeição natural e o carinho com que brancos e negros se relacionam, completando uns aos outros, num trânsito contínuo entre a casa-grande e a senzala.



Mas você, alguém que tem consciência crítica, no uso de seu bom senso, certamente conseguiu perceber que a realidade ainda é bem outra, uma vez que inequivocamente, negros e índios sofreram a maior espoliação dentro da sociedade brasileira. Assim, esta exploração é tal, que ainda em nossos dias não se pode dizer que se trata de uma situação perdida em um passado distante.



E aí, você já tinha visto este outro Brasil?











BASES TEÓRICAS DO RACISMO – SÉCULO XIX



Arianismo - Darwinismo Social - Evolucionismo Social - Eugenia











Diversidade no Brasil Contemporâneo: Desconstruindo Mitos



A partir dos anos 30, o Brasil começou a intensificar seu processo de industrialização. Com ele, veio também a necessidade de incorporar, de alguma forma, a massa enorme de ex-escravizados. Mas, como integrar estes negros e negras, com tanta demanda reprimida, no processo de desenvolvimento industrial que vivia o Brasil, sem por em risco a ordem social, levando em conta a diversidade racial da população?



O que fazer? As músicas da época de ouro do rádio, como "Aquarela do Brasil" ("Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro..."), de Ari Barroso, composta no final dos anos 30, exaltavam a mestiçagem e difundiam as ideologias que aquele "momento necessitava". Porém, a desigualdade racial aqui era algo que saltava aos olhos. Apesar de os movimentos étnico-raciais, como o Teatro Experimental do Negro – TEN, com Abdias do Nascimento, o jornal O Clarim da Alvorada, com José Correia Leite, e outros denunciarem, ainda na primeira metade do século XX, o estado que se encontrava a "diversidade no paraíso racial brasileiro", mesmo assim, a sociedade brasileira optou por permanecer míope quanto às desigualdades sócio-raciais deste país.











Derrubando os Mitos



Se você acreditava na passividade dos oprimidos brasileiros e tinha como herói nacional apenas Tiradentes, saiba que as lutas dos movimentos negros desde os quilombos até os nossos dias sempre puseram em xeque a história "oficial" do afro-brasileiro. Com os índios não foi diferente. Assim, teve início o processo de desconstrução de variados "mitos" até então vigentes no Brasil. Como o de que "os índios são preguiçosos"; "os negros, como crianças, reagem pacificamente a 'situações sociais não satisfatórias'"; o da "democracia racial brasileira", "o da liberdade racial brasileira", etc.











Curiosidade



Quanto ao mito da liberdade racial, recentemente aconteceu algo interessante. Apesar de a ideologia do embranquecimento ainda continuar viva no subconsciente de muitos brasileiros, os negros de pele clara continuam sendo negros. Parece óbvia a afirmação, não é? Pois bem, o craque de futebol Ronaldo "fenômeno" declarou na imprensa que era branco. Segundo o mito da liberdade racial, tudo bem. Porém, a imprensa brasileira, ao contrário do que diria tal mito, fez um verdadeiro alarde sobre esta declaração, tornando-a polêmica. Aí pergunto a você: A combinação de miscigenação e com alto poder aquisitivo permite ao negro ser branco?











Conquistas Parciais

No centenário da Abolição da Escravatura, foi promulgada a nova Constituição da República Federativa do Brasil. Nela, em decorrência da lutas pelos direitos civis dos movimentos étnico-raciais, ficou consagrado no:Título II - Dos direitos e garantias fundamentais
Capítulo I - Dos direitos e deveres individuais e coletivos
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Inciso XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
Com a regulamentação desse parágrafo, veio em seguida pela Lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 8882, de 3 de junho de 1994 e novamente alterada em 13 de maio de 1997, pela Lei nº 9459, que acrescentou também ao Artigo 140 do Código Penal relativo ao crime de injúria por utilização de "elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem", estabelecendo pena de "reclusão de um a três anos e multa".
E mais, você sabia que em 2003 foi promulgada a Lei 10.639 que regulamenta o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira neste país?
Estes atos servem para fortalecer a verdadeira identidade pluricultural brasileira.
Políticas de Ações Afirmativas: Em Busca da Alternativa
Conquistas Parciais
No centenário da Abolição da Escravatura, foi promulgada a nova Constituição da República Federativa do Brasil. Nela, em decorrência da lutas pelos direitos civis dos movimentos étnico-raciais, ficou consagrado no:
Título II - Dos direitos e garantias fundamentais
Capítulo I - Dos direitos e deveres individuais e coletivos
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Inciso XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
Com a regulamentação desse parágrafo, veio em seguida pela Lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 8882, de 3 de junho de 1994 e novamente alterada em 13 de maio de 1997, pela Lei nº 9459, que acrescentou também ao Artigo 140 do Código Penal relativo ao crime de injúria por utilização de "elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem", estabelecendo pena de "reclusão de um a três anos e multa".
E mais, você sabia que em 2003 foi promulgada a Lei 10.639 que regulamenta o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira neste país?
Estes atos servem para fortalecer a verdadeira identidade pluricultural brasileira.
Políticas de Ações Afirmativas: Em Busca da Alternativa
Da Necessidade de Reparação
A situação do negro neste país, hoje, ainda reflete um passado abjeto, no qual este seguimento da população foi submetido pelas políticas do Estado. Mesmo com toda contribuição na culinária, na língua, na música, etc, que garantem esta característica tão especial ao Brasil, os negros ainda estão longe de desfrutar da melhor parte deste país. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, recentemente tem sido observada uma incipiente classe média negra, que já aparece como 4,4% da população brasileira. No entanto, vale ressaltar que os negros são cerca de 46% do total de brasileiros!

FONTE: ADANDÉ Informativo do Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UEFS – NENNUEFS, Feira de Santana, maio 2005. (Edição especial).
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD, utilizando o Índice de Desenvolvimento Humano- IDH como instrumento de verificação das desigualdades sócio-raciais no Brasil, podem ser encontrados 55 países entre o Brasil da população negra (101º lugar) e o Brasil da branca (46º lugar). Tais elementos invocam a necessidade de se repensar a sociedade brasileira. É o momento de valorizar de fato os vários seguimentos que compõem a chamada diversidade do povo brasileiro. Para que construamos uma nova história de igualdade entre as partes que compõe esta terra pluricultural. Mas de que forma se constrói esta história? REPARAÇÃO JÁ! Diz o Movimento Negro.
Conceito de Políticas de Ações Afirmativas
As iniciativas governamentais adotadas para solucionar problemas sociais ou econômicos (políticas públicas) e as medidas privadas ou governamentais de caráter compulsório, facultativo ou voluntário que visam a eliminação ou a mitigação de desigualdades históricas contra grupos e suas respectivas conseqüências, notadamente no trabalho e na educação, são estratégias para consecução dos fins estatais positivados e ganham o nome de Ações Afirmativas" É como conceitua as Políticas de Ações Afirmativas, o Acadêmico de Direito da Universidade Federal da Bahia, Arivaldo Santos de Souza.
Da Legalidade
No Brasil, muitas pessoas criticam as cotas raciais (uma das Políticas de Ações Afirmativas). Alegam uma série de problemas nestas, inclusive o fato de ferir o direito de igualdade de oportunidades.Porém, do ponto de vista legal ela é tão válida que a Portaria 1.156/2001 possibilita reserva de vagas para afrodescendentes no Ministério da Justiça. E mais, a lei nº 5465 de 03/07/1968, a chamada Lei do Boi, da preferência a 50% das vagas de escolas superiores de agricultura e veterinária, mantidas pela União, para agricultores e filho destes. Assim como há reserva de vagas para deficientes físicos em empregos públicos (Art. 37, VIII, da Constituição Federal) e para mulheres nas candidaturas partidárias - Lei nº 9504/97. (ADANDÉ).
Conceitos e métodos da antropologia
 A Antropologia durante sua formação enquanto disciplina desenvolveu uma saber particular, construindo conceitos, discussões teóricas e metodologias particulares:

 alteridade etnografia etnologia o outro natureza e cultura etnocentrismo relativismo (antropologia) natureza e cultura representações (antropologia) categorias (antropologia) informantes





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