A cultura é o conjunto de comportamento, de
valores e das crenças culturais de uma sociedade. “Culturas são sistemas (de
padrões de comportamento socialmente transmitidos) que servem para adaptar as
comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida das
comunidades inclui tecnologias e modo de organização econômica, padrões de
estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e
práticas religiosas, e assim por diante”.
O estudo da antropologia delineia esta compreensão,
de uma forma comparativa ao das “cascas”. Como as cascas de uma cebola,
mostrando vários níveis de entendimento. São quatro estas “cascas” de uma
cultura:
A) O comportamento do povo - esta é a casca
mais externa, superficial, e a mais fácil de ser notada quando avaliamos uma
cultura. É o conjunto das coisas que são feitas, daquilo que são facilmente
notadas como ato de fazer de um povo, e como eles fazem estas coisas. Esta
identificação pode ser vista no modo de agir, vestir, caminhar, comer, falar,
etc.
B) Os valores culturais de um povo -
penetrando uma camada à dentro veremos os valores culturais, e estes valores
são firmados sobre a sua noção daquilo que é “bom”, do que é “benéfico”, e do
que é “melhor”. Os valores culturais são para adequarem ou conformarem o padrão
de vida de um povo.
C) As crenças - a crença é a noção que se tem
daquilo que é verdadeiro. Constitui-se da crença básica de um povo, no que este
povo vê como verdade fundamental.
D) A cosmovisão - cultura é como uma lente
através do qual o homem vê o mundo. É a percepção daquilo que é real, e qual é
a realidade do mundo. É o modo de ver o mundo, é o sistema de crença que
reflete os comportamentos e valores de um povo.
2) Antropologia. As ciências humanas, ciências do comportamento humano, foram divididas em três ramos: sociologia, psicologia e antropologia. A sociologia detém ao estudo das relações sociais que envolvem o homem como um ser social. A psicologia estuda o homem como um indivíduo, analisando sua personalidade, atitudes e comportamentos. A antropologia por sua vez compartilha as áreas da sociologia e da psicologia. É a ciência que estuda o homem como ser biológico, sociológico e psicológico, e através de um método comparativo estuda o homem através do tempo e da cultura. O alvo da antropologia é a total compreensão do homem, e para isto estuda tudo concernente ao homem.
Antropologia é a doutrina do homem, e este
termo é usado tanto na teologia como na ciência, sendo que a Teologia
Antropológica estuda o homem em relação a Deus ao passo que a Antropologia
Científica estuda seu organismo pisico-físico e a história natural. A teologia
antropológica traz a doutrina do homem abrangendo: a criação e origem do homem,
a natureza do homem, a unidade e constituição do homem, a queda do homem e
pecado.
A maneira como uma sociedade
compreende a criação e origem do homem, será um fator determinante para o
relacionamento com Deus, bem como a noção da presença de Deus será cultivada na
vida do povo. A expressão religiosa de um povo revela sua identidade teológica
e sua crença básica.3) Antropologia Cultural.
Sendo “cultura um sistema integrado de comportamento e valores aprendidos como característica de membros de uma sociedade”, a antropologia cultural analisa o sistema como um todo e como as partes e funções interagem neste todo, e como os sistemas se relacionam. A antropologia cultural vem a ser uma ciência comparativa da cultura de um povo e traz uma compreensão cultural deste povo. A Antropologia Cultural estuda o homem integrado em seu contexto social, psicológico, biológico, físico e teológico, apreciando o seu comportamento, valores, hábitos, língua e crença. O conceito chave da Antropologia Cultural é a cultura, mostrando a sua beleza, singeleza, simplicidade, complexidade e arquitetura relacional. A antropologia cultural é o espelho do homem refletido na sociedade; ela apanha todo o sistema de valores, de comportamento, de atitudes e expressões e reflete tudo isto numa expressão cultural distinta. Ela é o palco de “performance” do homem.
4) Antropologia da Religião
É o ramo da antropologia que dedicado ao estudo das crenças religiosas do povo. A religião é a maior expressão da crença de um povo. A religião é uma das instituições sociais universal em todas as culturas. Toda sociedade conhecida pratica alguma forma de religião. A palavra religião vem do latim, e que dizer “religar”, dando a idéia de laço, aliança, pacto. Religião é a ligação do homem com Deus. Para a antropologia, “religião, são todas as crenças e práticas em forma de doutrinas e rituais de uma religião”
O que caracteriza a antropologia como disciplina científica não é apenas o objeto material („O ser humano”). Ao contrário, o que , na verdade, caracteriza as disciplinas científicas – dando-lhes forma – é o objeto formal. Inúmeras disciplinas tratam do homem e seu comportamento (a psicologia, a sociologia, a biologia, a genética, a medicina, etc.). No entanto, o que distingue a antropologia das demais ciências sociais e humanas é o objetivo que nutre de estudar o homem como um todo.“Está no fato importantíssimo de que a antropologia, centrando sua atenção no homem, leva em conta todos os aspectos da existência humana, biológica e cultural, passada e presente, combinando estes diversos materiais numa abordagem integrada do problema da existência humana. Diversamente das disciplinas que tratam de aspectos mais restritos do ser humano, a antropologia frisa o princípio de que a vida não se vive por categorias, mas é uma corrente contínua”.
A antropologia parte do pressuposto que o estudo de nenhuma destas especialidades isolada pode nos ser útil para compreender o homem de maneira totalizante. Estudar somente a fisiologia humana (como na medicina) não nos fornece elementos necessários para compreender, por exemplo, a grande diversidade de crenças religiosas que os grupos humanos desenvolveram no decorrer de sua tentativa de compreender o mundo que os cercava. Ao mesmo tempo, procurar compreender a humanidade, sem um estudo aprofundado de todas as suas partes é impossível. É necessário ter um conhecimento totalizante e dinâmico de tudo o que envolve o homem e a humanidade. A respeito desse pressuposto antropológico, os Antropólogos Hoebel e Frost comentam: Uma proposição fundamental da Antropologia é que nenhuma parte pode ser entendida plenamente, o mesmo com exatidão, se separa do todo. E, de modo inverso, o todo não pode ser percebido com exatidão sem o conhecimento profundo e especializado da partes. Para compreender qualquer aspecto do comportamento sexual humano, por exemplo, deve examiná-lo em termos de genética, fisiologia, características climáticas, sistema de valores e estruturas técnicas, econômicas, de parentesco, religiosas e políticas de cada sociedade humana. A Antropologia toca em virtualmente todos os campos possíveis do conhecimento, aproveita-se deles e neles se inspira. As habilidades do antropólogo devem ser altamente diversificadas, mas a unidade da disciplina é mantida pela concentração no caráter global do homem e da cultura.
Principais Acepções do Termo
“Cultura”
Cultura objetiva e cultura
subjetiva
- Cultura objetiva (manifesta): É
a cultura que cria situações particulares como hábitos, aptidões, idéias,
comportamentos, artefatos, objetos de arte, ou seja, todo conjunto da obra
humana de modo geral.
- Cultura subjetiva
(não-manifesta): É esta cultura que fornece padrões individuais de
comportamento firmando em conjunto de valores, conhecimentos, crenças,
aptidões, qualidades e experiências presentes em cada indivíduo.
Quando falamos em cultura não
devemos estar amarrados em concepções arraigadas por nós mesmos, sendo que
nossas valorações não devem ser pressupostos para os julgamentos de outras organizações.
Devemos ter em mente que cada indivíduo tem bagagem diferenciada e
principalmente “culturas” singulares (nem menos, nem mais avançadas e sim mais
ou menos complexas), pois, suas bases estão fundadas em estruturas anteriores
formadas em um processo lento de diversas gerações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOAS, Franz. Antropologia
cultural. Rio de Janeiro : Jorge Zahar, 2005.
MELLO, Luiz Gonzaga de (1986).
Antropologia Cultural. Petrópolis: Vozes.
A antropologia, como ciência da
modernidade, coloca seu aparato teórico construído no passado, com
possibilidade de, no presente, explicar e compreender os intensos movimentos
provocados pela globalização: de um lado, os processos homogeneizantes da ordem
social mundial e, de outro, contrariando tal tendência, a reivindicação das
singularidades, apontando para a constituição da humanidade como una e diversa.
Contudo, essa tradição é hoje alvo de
controvérsias, na medida em que os fatos decorrentes da intensa transformação
da realidade parecem não estar contidos em seus princípios explicativos. Nesse
campo de tensão, defende-se que ora a trajetória da antropologia tem sido a de
avaliar as diferenças sociais, étnicas e outras com a finalidade de
proporcionar alternativas de intervenção sobre a realidade social de modo a não
negar as diferenças; ora não seria a tradição antropológica suficiente para dar
conta do contexto político das diferenças e, como tal, estaria superada em seus
propósitos. Decorrentes do questionamento que afeta as ciências humanas de modo
geral ainda na segunda metade do século XX, e em particular a antropologia,
emergem outras perspectivas teóricas, dentre as quais se destacam os chamados
estudos culturais, cuja definição se dá no interior das correntes ditas
pós-modernas. No contexto desse
debate, a análise das relações existentes entre antropologia, estudos
culturais e educação
apresenta-se como desafio
teórico da modernidade e
como uma necessidade
diante dos princípios
e das práticas presentes na
articulação entre o
campo científico e
o processo educativos na
sociedade moderna.
A necessidade de refletir as
categorias com que
apreendemos o mundo
à nossa volta,
para compreendê-lo de outra
forma de modo a explicitar as condições e os modos que
constantemente informam, mobilizam,
dispõem, estruturam e instituem nossa percepção, nosso modo particular
de olhar os seres e as coisas e conseqüentemente a formulação epistêmica que
orienta nossas ações e pensamentos.
Qualquer busca de explicação da realidade
exige:
• Contextualizar
a realidade dos sujeitos onde estão e vivem;
• Inverter o
olhar deles (e o nosso)
para com a
sociedade em que
eles (e nós) estão; • Ver como essa sociedade se refere a esses sujeitos;
• Pôr em questão o conhecimento que produzimos e a ciência que praticamos diante desse desafio.
Adverte-nos Bourdieu, uma operação sócio-política que sempre implica um reconhecimento e ou um desconhecimento daqueles sobre os quais se quer conhecer; daqueles a quem se quer conhecer (p.48)
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO DE PIERRE BOURDIEU: LIMITES E CONTRIBUIÇÕES
Qual é a importância de Bourdieu para a antropologia?
Suas pesquisas exerceram forte
influência nos ambientes pedagógicos nas décadas de 1970 e 1980. “Desde então,
as teorias de reprodução foram criticadas por exagerar a visão pessimista sobre
a escola”, diz Cláudio Martins Nogueira, professor da Universidade Federal de
Minas Gerais. “Vários autores passaram a mostrar que nem sempre as desigualdades
sociais se reproduzem completamente na sala de aula.” Na essência, contudo, as
conclusões de Bourdieu não foram contestadas.
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